Panorama geral do preço da carne nos últimos 3 anos

Um dos fatores que mais abalaram o mercado econômico e a vida dos brasileiros nos últimos anos está relacionado à alimentação, principalmente ao preço da carne.

A alta nos preços de diversos alimentos impactou de forma pesada e negativa a maioria das famílias brasileiras nos últimos 3 anos e um dos itens que mais apresentou aumento foi a carne, principalmente a carne bovina.

Vale lembrar que o Brasil, tanto pela qualidade do produto quanto pelo investimento em tecnologia que envolve esta cadeia produtiva, é um dos produtores de carne mais importantes de todo o mundo, exportando o produto para cerca de 150 países.

O Brasil também é um dos maiores consumidores de carne do mundo. O consumo de carne bovina por pessoa no país chega a quase 37kg por ano. É claro que esse consumo diminuiu consideravelmente por conta dos aspectos econômicos, mas ainda assim o Brasil ocupa este posto, já que existe a substituição de uma proteína por outra por conta do aumento nos preços.

Foi comum ver acontecer no mercado interno as famílias procurarem substituir a carne bovina na alimentação por cortes da mesma origem mais baratos ou pelo frango ou carne de porco.

É claro que diversos fatores contribuíram para esse aumento, que foi muito maior que a inflação registrada durante o período.

Comparando o aumento nos preços das carnes com a inflação, desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020, quando o índice geral da inflação chegou a passar um pouco dos 19,4%, até o primeiro semestre de 2022, o preço das carnes no mercado brasileiro chegou a aumentar quase 43% durante o mesmo período.

Todos esses dados foram registrados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea.

Cenário Econômico

O cenário econômico fez com que o poder de compra dos brasileiros despencasse e isso também se refletiu na sua alimentação diária, fazendo com que a maioria das famílias buscassem alternativas para substituir a carne nas suas refeições do dia a dia.

Um dos motivos que acabou contribuindo para o aumento no preço das carnes no mercado interno nos últimos 3 anos foi a alta registrada nas importações dos mais diversos tipos de carnes.

O aumento no preço das carnes gera um ciclo preocupante na economia brasileira e no consumo das famílias no país.

Isso porque, se o poder de compra das famílias diminui, elas consomem e compram menos. Isso afeta o faturamento dos açougues e casas de carnes, que também passa a comprar menos dos frigoríficos, que, consequentemente, também vão desacelerar a sua produção para não correr o risco de ficar com uma mercadoria extremamente perecível parada em seus estoques.

E isso também acaba afetando os salários dos funcionários e suas jornadas de trabalho. Conseguiu entender como esse ciclo de aumento afeta a economia brasileira?

Nesse mesmo período de 3 anos, o faturamento dos açougues e casas de carnes, além dos frigoríficos, principalmente aqueles que vendem apenas para o mercado interno, ou seja, que atende só o consumo dos brasileiros, apresentou uma queda expressiva entre 25% e 30%, sentida também na sua produção e nas vendas.

O que seria considerado um padrão normal apresentado pela queda do consumo, é que os preços das carnes também acompanhassem essa desaceleração, já que existe a lei de oferta e procura. Mas não foi isso o que o mercado brasileiro viu acontecer.

Influência do mercado externo no preço da carne

A influência do mercado externo teve um peso muito grande para que esse cenário se estabelecesse no país.

Nesses últimos quase 3 anos, as exportações de carnes, principalmente para a China, aumentaram mais de 30%, fazendo com que o produto oferecido no mercado interno brasileiro tivesse sua oferta diminuída.

E esse panorama geral no preço da carne, segundo especialistas do Ipea, continua se mantendo atualmente por conta do cenário internacional, que ainda mantém as exportações de carnes em alta.

De acordo com esses especialistas, caso haja realmente uma tendência de diminuição expressiva nos preços das carnes comercializadas no mercado interno brasileiro, é possível que isso não ocorra ainda em 2022, já que as exportações se mantêm aquecidas para todos os tipos de carnes, principalmente a suína, que vem apresentando um crescimento de consumo expressivo não apenas pelas famílias brasileiras, mas também no mercado internacional.